É o Portugal da mesa e dos
copos. É o Portugal de Fátima e outras Marias.
É assim e mais nada. Das mulheres sérias à vista
desarmada, até o gajo do lado vir dizer que afinal ela não é assim tão séria.
Dos conselhos da família.
É o Portugal do passado é que era, agora as
coisas estão diferentes, as nossas famílias visitam-se pelo ecrã de um
computador.
Portugal precisa de se inquietar.
O futebol por si só já não chega para alterar
esta passividade, viver em Portugal é tão entusiasmante como nadar num lago, é
pena o lago ter uma camada verde à tona.
Mas olha a malta vai fazendo umas manifestações
pacíficas, é um laivo de pós modernismo num país de mentalidade industrial.
Chato é já não ter industria. Quando tínhamos industria, estava a malta a
chegar dos campos.. Andamos sempre nisto.
Portugal é a Roménia com praia e a Itália sem
estilo. Um estaleiro com computadores, usuários de lápis atrás da orelha e
um telemóvel de 500€ no bolso. Fios de ouro ou prata ao peito e manga cava a
arejar os cabelos dos sovacos.
Portugal tem de se decidir. Não pode ser esta
mistura toda. Ou bem que se é feliz a assar entremeadas e a beber uma mini
enquanto se fala de viagens a Benidorm e de noites no litoral Algarvio. Ou
então contam-se as experiências desportivas, académicas, profissionais,
gastronómicas, literárias, artísticas em geral e das viagens exóticas a sabe-se
lá bem onde, enquanto se bebe um copo no bairro alto.
Portugal pode ser um copo de cristal com vinho de Pias, a acompanhar um belo
presunto pata negra com um fatia de pão de Mafra num parque de campismo de
barriga à mostra. Ou ser um barrigada de fome à beira mar plantado, a comer
saladas acompanhando as novas
tendências económico-sociais-mentais.
Portugal pode ser isto tudo à molhada.
Portugal tanto pode convidar Woody Allen a
filmar em Lisboa, como Emir Kusturica no Porto.
Isto dá para tudo.