segunda-feira, 24 de março de 2014

Que Portugal é este?

É o Portugal da mesa  e dos copos. É o Portugal de Fátima e outras Marias.
É assim e mais nada. Das mulheres sérias à vista desarmada, até o gajo do lado vir dizer que afinal ela não é assim tão séria.
Dos conselhos da família.
É o Portugal do passado é que era, agora as coisas estão diferentes, as nossas famílias visitam-se pelo ecrã de um computador.

Portugal precisa de se inquietar.
O futebol por si só já não chega para alterar esta passividade, viver em Portugal é tão entusiasmante como nadar num lago, é pena o lago ter uma camada verde à tona. 
Mas olha a malta vai fazendo umas manifestações pacíficas, é um laivo de pós modernismo num país de mentalidade industrial. Chato é já não ter industria. Quando tínhamos industria, estava a malta a chegar dos campos.. Andamos sempre nisto.

Portugal é a Roménia com praia e a Itália sem estilo. Um estaleiro com computadores, usuários de lápis atrás da orelha e um telemóvel de 500€ no bolso. Fios de ouro ou prata ao peito e manga cava a arejar os cabelos dos sovacos.
Portugal tem de se decidir. Não pode ser esta mistura toda. Ou bem que se é feliz a assar entremeadas e a beber uma mini enquanto se fala de viagens a Benidorm e de noites no litoral Algarvio. Ou então contam-se as experiências desportivas, académicas, profissionais, gastronómicas, literárias, artísticas em geral e das viagens exóticas a sabe-se lá bem onde, enquanto se bebe um copo no bairro alto.

Portugal pode ser um copo de cristal com vinho de Pias, a acompanhar um belo presunto pata negra com um fatia de pão de Mafra num parque de campismo de barriga à mostra. Ou ser um barrigada de fome à beira mar plantado, a comer saladas acompanhando as novas tendências económico-sociais-mentais. Portugal pode ser isto tudo à molhada.
Portugal tanto pode convidar Woody Allen a filmar em Lisboa, como Emir Kusturica no Porto.

Isto dá para tudo.